segunda-feira, 11 de junho de 2012

Casadinha da Cultura

Na cidade de São Félix do Coribe, vizinha a Santa Maria da Vitória, não se pode definir se o casal Ana Helena Bomfim e Chico Mallero trabalha com arte na própria casa ou se mora no ateliê de trabalho

Chico Mallero e Ana Helena Bomfim são artistas residentes em São Félix do Coribe e impulsionam a cultura local

Ana Helena Bomfim desenvolve atividades artísticas em teatro e poesia desde os anos de 1980, mas foi na última década que ela se debruçou com mais dedicação à produção de fanzines literários, cujo formato ela considera como “uma forma de divulgar o trabalho de muitos autores, que ficam engavetados por falta de condição de serem publicados e acabam se perdendo”.

A poetisa realiza palestras e oficinas em escolas públicas da região, para divulgar a técnica que ela considera “muito rica e, ao mesmo tempo, barata e de fácil acessibilidade”. Ana Helena é autora de fanzines de poesia, como o “Fio do Rio” e o “Santa do Porto Centenário”, sobre os 100 anos de emancipação de Santa Maria da Vitória, e organiza títulos coletivos, como o “São Félix: Feliz Cidade”, coletânea de poemas de alunos e poetas convidados em comemoração ao 21º aniversário da cidade.

De tradicionalmente fotocopiados, os fanzines passaram a ser escaneados, para se preservar o design das publicações, impressos em gráfica e vendidos a preços simbólicos, sendo a receita reinvestida na produção de mais tiragens.

Ana Helena foi contemplada pela 1ª Chamada do Calendário das Artes 2012, edital da FUNCEB, para realizar o projeto “Livro Q Fiz-Zine Poesia”, que prevê a realização de oficinas de produção de fanzines de poemas nos municípios de São Félix do Coribe, Santa Maria da Vitória e Jaborandi, atingindo um público de 16 pessoas por cidade, entre 10 e 29 anos de idade, com posterior publicação do produto final.

Sobre a premiação, Ana Helena considera “uma injeção de ânimo”: “Foi um apoio para a gente continuar produzindo mais, uma oportunidade de ter um recurso para aplicar na construção de uma coisa na qual a gente acredita e de oportunizar que outras pessoas façam seus trabalhos. Não é uma conquista só minha, mas de um grupo”, explica a poetisa, que reuniu em casa artistas da região em uma oficina de projetos, por ocasião da inscrição no Calendário das Artes.

Chico Mallero, esposo e incentivador de Ana Helena, é artista plástico autodidata, e atualmente se dedica à pintura e à escultura a partir de vários materiais, especialmente madeira, resina acrílica e cimento, além de trabalhar com obras de ferro reciclado, como nas conhecidas esculturas que figuram na Praça Governador Luiz Viana Filho, conhecida como Praça do Jacaré, em Santa Maria da Vitória.

Obras de Chico Mallero

Ateliê na residência do casal

Além de exímio escultor, Chico Mallero é também luthier, construtor e reparador de instrumentos de corda como violão e violino. “Eu achava que era apenas fazedor de violão, não sabia que isso era uma arte antiga, com tamanha importância. Certa feita, vendi uma televisão, enchi um saco de serrote, peguei a esposa e o filho recém-nascido e fui para Salvador, participar da Oficina de Investigação Musical, no Pelourinho, durante três anos. Foi uma fase interessante da minha vida, que me rendeu grandes encomendas. Até hoje recebo ligações de artistas como Geraldo Azevedo”, conta Chico Mallero, orgulhoso.

O artista plástico ainda é requisitado para montagem de ornamentação em festas de São João e de presépios natalinos. “Eu sou um trabalhador artístico. O nome artista tem uma ênfase, mas na verdade ele é um trabalhador comum. Eu sou autodidata em tudo, mas pesquiso muito, porque não se pode fazer nada sem estudo”, conclui Chico Mallero.

Além das suas atividades individuais, o casal ainda é parceiro no grupo musical Porto Calendário, nome dado em homenagem ao romance do santa-mariense Osório Alves de Castro, projeto registrado no CD “Mesclado”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário